A crise do coronavírus trouxe para o debate o incrível desafio de saúde pública que o mundo enfrenta, e em nenhum outro setor este desafio é mais evidente do que na produção alimentar. Alimentar o mundo durante estes tempos de crise é a máxima prioridade dos países.

O nosso mundo precisa das contribuições da produção animal. A nível global, 1,3 bilhão de pessoas dependem do gado para o garantir seu emprego1, enquanto outros bilhões dependem dele para fornecer alimento às suas famílias. A criação animal fornece leite, carne, peixe e ovos em um momento em que o acesso a alimentos seguros, nutritivos e acessíveis é necessário para combater uma potencial crise alimentar global2 e oferece um apoio incalculável aos agricultores que enfrentam dificuldades econômicas severas e muitas vezes existenciais.

A origem exata do vírus da COVID-19 continua a ser investigada, mas as pesquisas em curso confirmam que a produção doméstica de gado é segura e não teve influência na transmissão da COVID-19345. As evidências atuais apontam para uma transmissão dos animais selvagens para os humanos6, o que está em linha com a investigação que demonstra que a maior parte das doenças zoonóticas tem origem na vida selvagem.

No entanto, há vozes que fazem alegações infundadas de que o gado e a agricultura moderna estiveram, de alguma forma, na origem da pandemia. Isto ameaça desviar a resposta de saúde pública global em um momento no qual a agricultura animal pode oferecer lições para a gestão da zoonose da vida selvagem como parte de um plano de preparação para epidemias a longo prazo.

Por exemplo, as doenças do gado são monitoradas globalmente7 para ajudar a impedir que se transmitam da mesma forma que a COVID-19 e os avanços nas práticas das fazendas e propriedades, nutrição animal, diagnóstico e na medicina veterinária significam que muitas doenças zoonóticas, como a Salmonella, são bem geridas na maior parte das economias.

Utilizar estas aprendizagens para desenvolvermos sistemas de aviso precoce mais robustos para a vida selvagem pode aumentar a nossa capacidade de detectar doenças emergentes.

Acima de tudo, a produção agropecuária é um sistema regulado e monitorado com a segurança alimentar e a saúde pública está no centro da sua atividade. Mesmo perante desafios sem precedentes, as fazendas e as instalações de produção alimentar estão tomando todas as precauções para manterem os funcionários o mais seguros possível e a desempenhar as suas funções no nosso fornecimento alimentar, enquanto os produtores continuam confiando na biossegurança, higiene, vacinação e em outras ferramentas para controlar as doenças nos animais.

Os conhecimentos e a especialização do setor agropecuário podem ajudar a reforçar a resposta global à COVID-19 e a combater o risco crescente de insegurança nutricional.
Pedimos às autoridades, grupos intergovernamentais e ONGs que apoiem estes esforços ao:

• Reafirmar a segurança da produção agropecuária e relembrar os consumidores do nosso robusto sistema de segurança alimentar, incluindo o papel importante dos veterinários e da nutrição animal.
• Refutar a desinformação que tenta fabricar uma ligação entre o gado e a transmissão da COVID-19.
• Consultar especialistas em agropecuária, incluindo produtores rurais e outros intervenientes na alimentação e na cadeia alimentar para compreender como podem auxiliar os nossos esforços para alimentarmos as comunidades.

Durante esta pandemia, as propriedades rurais e a cadeia de valor trabalham incansavelmente para garantir que tenhamos alimentos seguros e acessíveis para comer e beber. É fundamental que a sociedade apoie estes esforços e capte os seus conhecimentos para construirmos um mundo mais resiliente no futuro.