À medida que o apetite mundial por marisco aumenta, crescem também as preocupações no que se relaciona à disponibilidade de peixe forrageiro para responder a esta procura. Dada a natureza finita da quantidade de pequenos peixes para a alimentação, os produtores procuram alternativas para reduzirem a sua dependência das opções de farinha de peixe tradicionais.

O AluProt-CGNA® é uma dessas opções. Criado pelo Centro de Genômica Nutricional Agroacuícola (CGNA) do Chile em 2013, trata-se de uma variedade do tremoço com um elevado teor de proteína. O AluProt conta com um potencial de produção de proteína 50% superior às alternativas tradicionais, com 60% de proteína no grão descorticado. Segundo o CGNA, esta super proteína também é eficiente ao nível energético, requer menos água, preparação do solo e suporte agroquímico que outras plantas.

A eficiência ambiental é só uma parte da história. O AluProt também providencia apoio econômico e social a uma cooperativa de agricultores Mapuches do Chile, o que significa cerca de 150 famílias indígenas ligadas à agricultura na região de La Araucanía e nas comunidades rurais. As suas culturas são cultivadas para criar um concentrado de alta qualidade e com um elevado teor proteico, cuja procura é muito superior à oferta. A Cargill compra 100% da produção da cooperativa para alimentação de seu salmão, o que é bom para os agricultores e bom para a Cargill. Acredita-se que o AluProt tenha um melhor teor de óleo que a farinha de soja, bem como um perfil de aminoácidos superior em comparação com outras proteínas vegetais. Espera-se que a produção aumente até alcançar 10 mil toneladas métricas até 2025.

Com a agricultura "no sangue", Pablo Huilipan, agricultor e presidente da Cooperativa Peniwén, cultiva tremoços, bem como trigo e aveia, juntamente com outros agricultores da cooperativa. Ele foi criado pelos avós na terra que continua a cultivar até aos dias de hoje e, embora tenha compreendido desde sempre a necessidade de inovar, nem sempre Pablo teve os recursos para concretizar as inovações. “Antes, cultivava sempre as mesmas culturas, da mesma forma. Há alguns anos, havia excesso de produção, os preços baixavam e os tempos eram difíceis. Agora, através da cooperativa, aprendi novas formas de pensar, adquiri novas competências e sei que posso fazer muito mais”, afirmou.

A história do Aluprot, também conhecido como "Tremoço Aluprot", teve início em 2016 quando a Cargill financiou uma aliança única, apoiada pelo CGNA, a TechnoServe e cinco cooperativas de agricultores e familiares Mapuches locais. Ao longo dos anos, estas organizações trabalharam juntas para otimizarem as culturas - incluindo o Aluprot – para alcançarem melhores resultados e trocarem experiências e lições aprendidas. Os agricultores também frequentam cursos em áreas como o empreendedorismo, colaboração e outras competências empresariais.

"Adoro participar!", compartilhou Pablo. "Há muitos agricultores envolvidos na aliança. Antes, nenhum de nós compreendia as oportunidades ou as fraquezas que tínhamos. Através deste programa, aprendemos a trabalhar juntos e pensar em como podemos vencer."

O Pablo e outros agricultores estão, de fato, tendo mais prosperidade com o AluProt. A sua comunidade foi impulsionada, têm novas e melhores práticas agrícolas, uma produção aperfeiçoada e um comprador estável que os apoia. Até a qualidade do solo foi melhorada. Com uma excelente cultura de rotatividade, AluProt libera nitrogênio através das suas raízes no fim do seu ciclo de crescimento, fertilizando o solo e proporcionando melhores resultados para a cultura seguinte, mais frequentemente o trigo, para os agricultores Mapuche.
A curto prazo, a aliança está bastante otimista no que diz respeito aos esforços do CGNA para o desenvolvimento de uma versão da super proteína da próxima geração, que é resistente aos fungos, para maximizar a produção anual.

"Isto pode realmente mudar as nossas vidas", afirmou Pablo. "Para já, não há tremoço melhor, então aperfeiçoá-lo só poderá apoiar as nossas famílias nos próximos anos." A longo prazo, o objetivo da aliança é que os agricultores continuem a ter sucesso com uma independência renovada. Entretanto, continuam compartilhando os conceitos e as competências necessárias para que os agricultores Mapuche sobrevivam e prosperem nos próximos anos. Segundo Pablo, eles estão no caminho correto. "A nossa cooperativa nunca recebeu assistência técnica como esta, mas, depois de nos reunirmos com a Cargill, ambos pensamos que isto poderia ser uma possibilidade e acabou sendo uma excelente ideia."